Sou um profissional de gestão do esporte, mas minha formação veio inicialmente da Educação Física. Me graduei em Administração de Empresas e Ciências Contábeis pela PUC Minas em 1981, fiz um Pós-Graduação em Análise de Sistemas pela UNA – MG em 82 e daí, estudei mais tarde Educação Física me graduando pela FMU – SP nos anos 90 (primeira turma da Faculdade).
Começo falando sobre isto, pois esta formação eclética, em minha opinião, me deu uma bela vantagem competitiva para entrar e me posicionar no mercado do esporte.
Ainda no lado esportivo, fui atleta de handebol, joguei durante 6 anos na seleção brasileira, nos anos 70 e 80, e desde cedo, meu técnico e segundo pai (Professor Lincoln Raso), nos trazia ideias inovadoras e implementava tudo com nossa equipe em Minas Gerais. Para terem uma ideia, ele foi um dos primeiros a usar um tal de DMSO (dimetilsulfoxide), uma fórmula dele mesmo e de seu irmão Silvio Raso, para curar os atletas da nossa equipe e das equipes adversárias, fazia conosco exames de adiposidade cutânea usando seus próprios dedos para nos dizer como estava nosso percentual de gordura por exemplo.
Além disso, ele usava o Dextrosol, comprado ou doado pelos pais dos atletas que tinham farmácia, como uma forma de repositor de líquidos (futuramente veio a ser um Gatorade, ou um Powerade, etc).
Talvez por isto, quando temos que criar, ser inovadores desde crianças, nós brasileiros somos - quando nos dão condições ideais de trabalho, os melhores profissionais do Mundo (opinião pessoal).
E fui aprendendo desde cedo...Daí, vim trabalhar na Federação Mineira de Handebol, como gestor de marketing e logo pude aplicar esta necessidade de inovação. Queria mudar a imagem da Federação, modernizar e a logomarca (em anexo), era daquelas antigas, que eram a base de todas as Federações Esportivas, ou seja, uma imagem do mapa de Minas Gerais com os dizeres dentro – Federação Mineira de Handebol.
Criamos então uma logomarca nova, com uma imagem de um atleta jogando handebol com a bola na mão, e mais ainda incluímos uma mulher na logomarca, ou seja, tínhamos dois atletas, um homem e uma mulher, e dando a impressão de algo em movimento.
Daí, fui para o voleibol, onde cedo na carreira, fui procurar o que havia de melhor em tecnologia.
Se treinávamos igual ou melhor que outros países, onde estava a diferença para ganharmos?
E apoiado pelo Inaldo Manta, um técnico que trabalhei no voleibol, e aproveitando uma viagem com a seleção brasileira masculina a Veneza para disputar um torneio chamado MondoVolley, entrei no ônibus da seleção americana e na maior “cara de pau”, pedi ao especialista deles – Sato, um americano-japonês, para me falar e mostrar o que faziam em termos de filmagem dos jogos, edições, estatísticas e análises de inteligência de resultados.
E para minha surpresa, ele me abriu tudo me contando, enquanto minha cabeça revirava, com as ideias borbulhando para aplicar no Brasil.
Voltando, eu e Inaldo compramos filmadoras com nossos próprios recursos no início, computadores e fomos tentar imitar, o que foi um sucesso. No Brasil, a Sandra Caldeira e Brunoro, junto com o Professor Celio Cordeiro já também faziam algumas iniciativas neste sentido, mas a partir daí, a Transbrasil e a Sadia, foram equipes que passaram a usar a tecnologia no esporte para vencer seus campeonatos, e depois com o apoio do Presidente da CBV – Nuzman, que comprou equipamentos e nos deu carta branca, iniciamos também com as seleções brasileiras.
Hoje, Roberta Giglio, que trabalha na equipe do Bernardinho é a maior gestora deste tipo de projeto no Brasil, tenho orgulho de dizer que ela foi minha aluna na FMU, onde fui professor e daí a introduzi no projeto com nosso próprio maquinário e usando as famosas planilhas “samba”, precursoras do excell. Ela foi nossa estagiária na equipe de voleibol Colgate-São Caetano e depois se desenvolveu, investiu em conhecimento e hoje ninguém a supera, sendo com certeza, a melhor profissional do mercado.
Na equipe da Sadia, imitamos as equipes japonesas – tínhamos uma sala de trabalho anexa ao nosso ginásio, onde tínhamos os equipamentos de informática, filmadoras e televisão e um telefone fixo, que acoplado a uma campainha, que tocava e acendia uma luz no ginásio para que pudéssemos atender (afinal, o celular ainda não era uma realidade total). Criamos a “geringonça”, um equipamento que fabricamos na própria Sadia, onde numa base de metal com rodinhas, acoplamos um círculo enorme com uma rede para treinamento de levantamento com nossas atletas......Enfim, copiamos e criamos muito coisa, procurando sempre a inovação.
Devemos destacar que inovação nem sempre é ligado só a tecnologia, mas sim também a soluções criativas para tudo.
Mais tarde, ainda no voleibol, inovamos na gestão e vários aspectos – criamos a Semana da Ética, sala de descompressão dentro da nossa entidade, Café da Manhã com o CEO (com o intuito de conhecer os diversos departamentos, pois afinal éramos 110 funcionários), trouxemos alguns especialistas de tecnologia, para alinharmos todos os projetos internos de cada departamento,(inteligência de dados), implementamos o Portal de Transparência no site da entidade, para que qualquer informação relevante se tornasse de fácil acesso a todos, etc. Para comemorar a medalha olímpica masculina, fizemos duas partidas de voleibol – Seleção Brasileira x Portugal dentro de estádios de futebol (Athletico Paranaense e Brasília) colocando mais de 30.000 espectadores em cada um dos estádios.
Nos Jogos Pan-Americanos participei do MOC (Main Operational Center), uma iniciativa sensacional já utilizada nos diversos megaeventos ao redor do mundo, com o controle de tecnologia das ações operacionais de todo o evento, ajustado a processos de decisão rápidos e precisos, uma iniciativa inovadora e muito interessante.
Durante a Copa do Mundo de 2014, implantamos um sistema de segurança privado nos estádios, os famosos “stewards”, sistema este já largamente utilizados na Europa, que além de terem criado uma ambiência de paz e ordem nos estádios, tiraram a pressão de termos segurança pública nos estádios em número relevante, desfalcando a segurança nas ruas, e criando uma nova profissão no país, com inúmeros empregos criados para os eventos no Brasil.
Recentemente, ajudei a Bianca Gama, uma profissional de excelência oriunda da UERJ, que me apresentou um projeto maravilhoso e inovador de resgate da história do esporte no Brasil – o E-Museu (www.emuseu.com.br), e fomos através da CBB – Confederação Brasileira de Basquete, a primeira entidade esportiva a aderir e estamos achando incrível.
Somente alguns exemplos de inovação que participei e que, por minha formação, gosto de continuar investindo para procurar as soluções que necessitamos em nossas vidas.
Agora, faço parte do projeto ARENA HUB, onde entendo ser a grande ferramenta que une inovação, tecnologia, startups, empreendedores, universidades, patrocinadores do esporte e as entidades esportivas (ligas, federações, confederações, comitê paralímpico, etc), num mesmo ambiente físico e virtual, o que trará benefícios incríveis para o esporte a curto e médio prazo. Será o local ideal para que, o ESPORTE se beneficie deste ecossistema maravilhoso para se desenvolver ainda mais! Orgulho em fazer parte! Ricardo Trade, Deputy Chief Executive Officer - Operations na FIFA World Cup Qatar 2022 para o blog Arena Hub.
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